sábado, 29 de novembro de 2008

opção para almentar o orçamento

Hohoho... Está chegando a hora de botar a fantasia, viver a fantasia dessa festa que sempre – ainda mais em tempo de crise – é fundamental. Feliz astral! Feliz...

Lá vem o vigia Fernando Augusto Coutinho, 41 anos, casado, cinco filhos, venerável, admirável experiência no cargo. Mas como ele conseguiu essa vaga? É quase um presente permanente.

"O pessoal de lá é compreensivo, me dá férias em dezembro para não atrapalhar o meu Papai Noel", explica.

Durante onze meses ele leva a vida como vigia noturno. Mas nesta época do ano Fernando leva a felicidade para muita gente. Que transformação!

"Essa história começou quando eu tinha 17 anos. De cara, eu gostei. Os adultos também são muito ligados ao Papai Noel, não só as crianças. São 24 anos fazendo Papai Noel. Eu não chamaria de trabalho e sim de prazer temporário", define Fernando.

"Quando meus filhos eram pequenos, achavam que eram filhos do Papai Noel. Depois, começaram a achar que eu era ajudante do Papai Noel. Eles me mandavam ajudar o Papai Noel para receber os presentes. Eu sempre caprichava, porque, como amigo do Papai Noel, eu tinha que dar o melhor para eles", lembra Fernando.

Mas o que é um bom presente? Uma vez uma menininha pediu um bem especial para o Papai Noel Fernando: um emprego para o pai dela. E quem observar bem as vitrines que encantam no Natal, que vestem suas melhores roupas para seduzir os consumidores, pode encontrar neste mês de novembro um produto, uma oferta diferente: a chance de um emprego. São vagas temporárias, é verdade, mas para muita gente esse pode ser o primeiro passo no mercado de trabalho ou a volta a ele.

Trabalhar no Natal pode ser a grande oportunidade para três pessoas: Kelly, Allan e Rômulo.

Aos 17 anos, Rômulo Moura Muniz é um estudante com passos esperançosos e nervosos a caminho do vestibular. "Quero fazer engenharia. Deve ser um orgulho muito grande", revela. Mas ele também quer trabalhar. Aliás, precisa. "Quando eu estiver trabalhando, vou ter uma visão de tudo. A responsabilidade aumenta muito e é até melhor para os estudos", diz.

São os últimos dias de escola. Rômulo está terminando o ensino médio e tentando entrar em uma universidade, que terá que ser pública, porque para ele e para a mãe a vida é apertada.

"Minha mãe saiu do interior de Pernambuco com pouca instrução e veio para o Rio sem saber muita coisa", conta Rômulo.

"Eu achava que lá não tinha futuro nenhum, tinha que vir para o Rio de Janeiro. E aqui estou eu. Com 18 anos, eu tentava entrar no mercado de trabalho de modo totalmente diferente. Eu queria vir para a cidade grande, mas não tinha noção do que ia fazer. Terminei em confecção, porque desde criança eu gostava de costurar", lembra a costureira Miriam Moura.

"Ela batalhou e venceu. Então, vou ter que retribuir todo esse esforço que ela fez por mim. Assim, vou me sentir realizado", diz Rômulo.

"Eu estou tentando dar tudo de mim para ele. Meu sonho é vê-lo formado", revela dona Miriam, emocionada.

"Idealmente, eu gostaria de conciliar estudo e trabalho. Gostaria de sair do trabalho, ir para casa e estudar. Assim, poderia sair à noite com o dinheiro do trabalho. Eu sei que vai ser difícil, mas estou otimista. Vou ver o que eu consigo. Quem sabe eu consigo um bom emprego?", diz Rômulo.

O jovem revela a expectativa durante a distribuição do currículo: "Sou otimista. Eles me tratam muito bem, desejam boa sorte. Mas tenho aquela preocupação em saber se vão me chamar ou não".

A advogada Kelly Saad também estava na mesma batalha, procurando uma vaga de Natal.

"Eu escolho a loja com a qual me identifico", diz ela. Formada com louvor, ela nunca exerceu a profissão. O nascimento do filo mudou as prioridades da vida dela. Aos 33 anos, casada, vêm aí as férias do menino. Ela tenta uma renda extra, talvez trabalhando em uma butique.

Há três anos Kelly trabalha em uma cantina que é dela e do marido servindo lanches para uma garotada de um cursinho de inglês. "Eu trabalho com o público diariamente. Então, trabalhar com o público vai ser tranqüilo, mas é uma coisa diferente. Se der certo, eu posso ficar lá porque meu marido pode ficar na cantina. Não estou preocupada. Se for legal e bom para nós, eu fico", planeja.

E não é que chegou a vez dela? A advogada Kelly foi chamada para uma entrevista, justamente na loja que ela escolheu para trabalhar neste Natal. A pretensão salarial é em torno R$ 1,5 mil. Mas Natal é uma caixinha de surpresas.

"A pessimista diria R$ 500 e a otimista, R$ 3,5 mil. Eu usaria esse dinheiro para pagara os cursos que meu filho quer fazer, ter uma reserva para as férias, ajudar em casa", adianta Kelly.

O músico Alan Coutinho tem o protótipo do vidão: vai à praia no meio da semana. Ele é solteiro e pode se permitir uma vida ao sabor das ondas. Quer dizer, nem tanto assim. É o tempero da mãe dele que mantém à tona.

"Estou no limite, já tenho 30 anos", diz ele, que por enquanto se vira trabalhando para a mãe. Ele
Entrega as quentinhas com a saborosa comida que ela prepara todo santo dia. Mas ele também procura uma grana extra que vem com uma vaga de Natal.

"Eu sempre trabalhei em shopping. Quando terminei o segundo grau, já trabalhava em uma loja", conta Alan. Como ele tem a tão valorizada experiência, já conseguiu a vaga.

Mas trabalhar em loja, para ele, só no Natal. Alan tem outros planos. O primeiro é fazer sucesso com a banda dele. E tem também u plano B.

"Como nunca é tarde, coloquei na minha cabeça que até 35 anos eu tenho que estar formado", revela.

Na hora do almoço, Alan pega o carro, a estrada e vai entregar as quentinhas.

E assim como em coração de mãe, no comércio de Natal sempre cabe mais um. No país inteiro, são milhares de vagas.

"Serão criadas 113 mil vagas para atender esta demanda extraordinária do Natal", diz o diretor do Sindicato das Empresas de Trabalho Temporário de São Paulo, Vander Morales.

"É um trabalho legal. Dá experiência e responsabilidade, acima de tudo", comenta um trabalhador temporário.

"Estou aqui há dez dias. Foram três de treinamento e sete vendendo", conta uma jovem.

"É uma oportunidade de buscar uma colocação, principalmente para jovens de 18 a 24 anos sem experiência no mercado de trabalho", ressalta Vander Morales.

Feliz Natal! Feliz final para Rômulo, Kelly e Alan. Quem sabe, para eles, o temporário pode virar duradouro, como no caso do eterno Papai Noel.

"Eu fui engordando. A comida da dona Renata começou a me encher e acabei com 150 quilos. No começo, também achamos que a comida é temporária, mas ela é fixa mesmo", brinca Fernando.

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